História

Caminho  de  roça



Ainda criança minha tarefa era auxiliar nos transportes do almoço, para pai e irmãos.

Passaram-se muitos anos, mas me lembro perfeitamente como era divertido cumprir esta tarefa.

Era mês de Novembro, nesta época chovia bastante por estas bandas, principalmente a noite.

Beirava a grota, o caminhozinho tortuoso, os papagaios voantes e barulhentos, as frutinhas da gameleira pulavam caindo no chão.

Adiante uma Maria-faceira em cima do vôo assoviava: Ia ver as águas da lagoa.

Um nhambu ia saindo preocupada, com as perninhas curtas, passou no meio do meloso, quis remirar pra trás, mas resolveu seguir em frente com aqueles olhinhos cor de ferrugem.

Pensava eu, os pássaros são assim bonitos na natureza, não sendo da gente.

Atravessando uma várzea, quase chegando na roça via se o espetáculo dos urubus.

Voavam em círculos sob o domínio dos meus olhos, galgavam alturas, procurando as camadas de ar favoráveis e plainavam sem perder altura.

Um ou outro punha-se em formato aerodinâmico, as asas em V, e mergulhava para o solo num zumbido estridente, para depois praticar uma curva ascendente.

Na roça eu observava as folhas de batata-doce estavam todas picadas: Era um besourinho amarelo que furava.

Eu o chamava de besouro-de-ouro.

Via na cerca da roça algumas carcaças de cabeça de boi com os chifres, que era pra espantar mal olhado.

Não nos atrevemos ultrapassar a linha do tempo.

O presente não existe o futuro incomoda, o passado foi a realidade.

O dinheiro não compra nada.

Esta é a lição que levamos da vida.

Enviada por: Pedro