História

O  velho  e  as  raposas



De primeiro nem sabia quantas, mas depois foi reparando, se interessando, pegou na opinião.

Agora eram quatro raposas famintas, de uma só família.

No inicio estrago pequeno, no galinheiro, quase despercebido.

Alem do mais, o velho começou a pegar afeição pelas daninhas.

Mesmo percebendo o esvaziamento no galinheiro, não as queria mal.

Quando alguém reclamava o sumiço das penosas, ele inventava uma desculpa, falava que encontrou uma galinha morta, proveniente talvez de picada de cobra ou inventava que tinha feito uma barganha com vizinhos e assim ia levando.

Morava com ele apenas uma afilhada, de nome de batizo ele não sabia.

A velha ha muito tempo havia morrido e afilhada que o chamava de padrinho e que também não sabia o nome de batizo do padrinho.

Cuidava do velho e fazia serviços domésticos, como preparar o almoço, fazer um chá de ervas para diminuir um pouco o sofrimento acometido pela asma crônica que o atormentava ha anos.

Certo dia o velho deu por falta de unas uma das suas raposas, a maior.

Contou, recontou e realmente não estava lá.

Pensou.
- Onde estaria minha raposa?
Pode estar ferida ou amamentando um filhote recém-nascido.

E aquilo foi lhe incomodando de maneira não tomava mais leite, nem um cafezinho.

O enfastio veio total.
Encamou-se e a maldita asma piorou.

La no quarto sem poder andar, sempre perguntava para a afilhada.

- A minha raposa voltou?
- Não. Sei não. Respondia a afilhada.
E o velho só foi piorando.

Certa madrugada o velho notou um clarão de aurora e levantou, afoito.
Estava disposto e leve.

Saiu lá fora.

Divisou, com alegria, todas as quatro raposas no velho galinheiro, que não existia mais nenhum frango.

Exatamente a que tinha sumido, saltando num gingado desengonçado e tinha todo o raio de luz, refulgente, resplendor.

Uma raposa-gigante, virou, será?
- Pensou o velho.

Ai o resplandecente fez circulo em torno do velho, a cumprimentá-lo, oferecendo seu dorso pra um passeio.

Agora ele podia ver tudo, montado em sua raposa encantada; a pedreira da serra, o riacho tortuoso e as divisas da sua fazendinha.

Ate que o sol se anunciou, o disco vermelho no horizonte e eles se dirigindo pra aquela direção, sumindo, sumindo.

Como já era tarde, a afilhada foi ao quarto ver se ele aceitava uma caneca de café.

Admirou-se e ficou também feliz, pois nunca viu o padrinho sorrir.

E agora o sorriso dele, tão bonito, semblante dele no quieto da paz, os olhos abertos, perscrutando horizontes brilhantes do infinito.

No quintal os pássaros cantavam, anunciando o sol a brilhar.

Enviada por: Pedro