História

Pavio  comprido



Quem conheceu o Sr. Osório Marinho deve lembrar-se da sua fama de mão fechada em relação aos dinheiros.

Parece que tinha uma moto-serra (ligada) ou uma ninhada de escorpiões dentro do bolso.

Contava-se, à boca miúda, algumas estórias acerca do seu extremo rigor nos desembolsos de numerário.

Uma delas é a seguinte, do início dos anos 70:... O velho, todos os dias, tinha que visitar sua fazenda, indo de carro até a sede, localizada às margens do rio Cochá, logo após o "deságuo" (foz) do rio Poçãozinho.

O motorista ia, de manhã, fulo da vida, ao posto de Chico Reis para pegar a cota diária de gasolina (APENAS DOIS LITROS).

Abastecia a Picape Willys e "rumava" para a fazenda, acompanhado do Sr. Osório.

O veículo não podia passar um metro além da sede da fazenda, ficando o dia inteiro na sombra de uma árvore, localizada em frente a casa-sede.

O retorno, no final da tarde, era dramático para o motorista.

O veículo, mesmo o motorista tendo utilizado todas as banguelas possíveis e imagináveis, insistia em acabar a gasolina (todos os dias) na ladeira em frente ao hospital de Dr. José.

Sempre que isso ocorria, o Sr. Ozório, prontamente, enfiava a mão no bolso e sacava o seu famoso "BINGA" para espremer o pavio no carburador do veículo, afirmando que o líquido precioso existente naquele instrumento "riscante" e "fogante" era suficiente para completar a viagem de regresso.

Sobrava sempre para o motorista que tinha que bater canela, do hospital ao posto de Chico Reis, para pegar mais MEIO LITRO de combustível e completar o percurso.

O coitado ia ruminando e pensando na repetição certeira do dilema no dia seguinte, pois o Sr. Osório teimava em não elevar a cota (matutina, diária, de todas as manhãs) de combustível para, pelo menos DOIS LITROS E MEIO.

Enviada por: Gordo