História

Mustela  Putorius  Furos



Minhas andanças ao antanho trouxeram-me, mais uma vez, a vívida lembrança de uma das mais espetaculares personagens de minha Montalvânia querida e pacata.

Ele personificava o glamour e a beleza dos heróis do Monte Olimpo.

Com certeza ao se vislumbrar imagem, detestava tudo que não fosse espelho.
Narciso.
O cara.

Nossa personagem era um homem.
Moreno homem descendente do povo de Kam.

Seu cabelo encaracolado, era de um negror ferrenho. (Se fosse cearense, um belo poeta das épocas de engenho descreveria suas madeixas como... Negras como as asas da graúna...).

A cabeça? Ora, a cabeça era pequena.

Melhor... Era enormemente... Absurdamente... Pequena.
Isso mesmo uma cabecinha.

Já os olhos!!! Bem, os olhos de nossa personagem eram cor de folha seca.

Porém, grandes, rasgados, parecendo duas grandes amêndoas.

O nariz. Que nariz. Abastado nariz. Duas grandes aberturas davam-lhe a graça e jaça que realmente se lhe parecia. Duas belas fossas nasais nasciam da confluência superior advindas dos sombrolhos. Era uma coisa o nariz de nosso querido amigo.

Agora os lábios. Bem, o melhor é chamarmos aquilo de beiços. Isso mesmo. Quatro grandes beiços. O superior, dividido em duas partes e o posterior, também se dividia em dois. Nossa personagem assim, pois, em função de tamanhos lábios (lábios???) detinhas afinal seu epíteto... JOAQUIM BEICIM. Grande Joaquim Beicim. Gordo, moreno, sem camisa, vestido uma velha e surrada bermuda de cor marrom, agarrada por meio de uma corda à cintura (cintura?) sustentava aquela enorme barriga que descia sobre o cós dando-lhe o aspecto de gordo.

A voz tonitroante, meio aguda, fanfarreava a venda de carne. Fazia uma bela algazarra no mercado de Montalvânia.

O Açougue do Joaquim ficava quase que em frente ao quiosque de meu pai, que nós chamávamos de venda.

Beicim era a festa do mercado. Mexia com todo mundo. Os que mais sofriam suas piadas eram, pela ordem: Biruá, Gornope, Cila, Zebedeu, Topadinha, Seu Zuza, Caifás, Rebolado, Nenzão, Leônidas Preto, Seu Tõe, e toda gambazada ou tiuzada do local.

Ele se dizia, apesar do corpanzil, grande jogador.
Belo zagueiro. Jogava no time de Poções.

Assim, num dia festivo em nossa querida e pacata cidade interiorana, peleja disputada entre o time do Ginásio contra o time de Poções, no qual era o zagueiro de área, nossa personagem saudosa.
Soprou a latinha o árbitro ao início da batalha.

Primeiro chute na bola, Zé Bodim, craque do time ginasiano, do meio de campo, acertou a pelota num grande balão.

A redonda subiu aos ares e foi em direção ao Grande Zagueiro.

É minha... É minha... Gritava aos berros Beicim. É minha, pode deixar. Armou a pontaria, era o último homem da zaga.
Atrás dele apenas o goleiro. Ninguém mais.

Enviada por: Cid Olímpio